MENTIRAS, FATOS E ARGUMENTOS
Na atual conjuntura de sucessão à Reitoria
da UFBA, boatos e versões desinformadas têm sido espalhados,
muitas vezes desafiando a honra e a moral do gestor público.
A comunidade universitária certamente saberá reconhecer
e repudiar as toscas montagens difamatórias concebidas em nome
de práticas políticas condenáveis.
Há um dito popular: contra fatos, não há argumentos.
Porém devemos superar o senso comum: contra mentiras, há
fatos e também argumentos.
Para desmontar mentiras sistematizadas sobre a Reitoria que circulam
na UFBA, apresentamos a seguir informações claras, precisas
e comprovadas, além de argumentos e justificativas para melhor
entendimento das questões. Esperamos com isso desmascarar calúnias
e difamações fruto da falta de responsabilidade e de
ética política de alguns poucos membros da nossa comunidade
universitária.
Sobre Privatização na UFBA
MENTIRA
|
O Reitorado Naomar - Mesquita representaria
a ponta de lança do processo de privatização
da UFBA, através das fundações e dos cursos
pagos de extensão e especialização. A privatização
da pesquisa e da extensão estaria aumentando via convênios
e contratos com o setor privado, que cada vez mais controlariam
o orçamento da UFBA. |
FATOS |
· No Reitorado Naomar - Mesquita, nenhuma
política acadêmica foi implantada sem discussão
e deliberação dos conselhos superiores, nenhum curso
ou programa foi introduzido sem aprovação nas Câmaras
e no CONSEPE.
· É totalmente falsa a informação
sobre privatização da produção científica
na universidade. As fontes de financiamento da pesquisa na UFBA
são, em sua quase totalidade, organismos públicos,
como CNPq, FAPESB e FINEP.
· Mais equivocado ainda é o dado
sobre aumento dos convênios privados na UFBA. Na gestão
Naomar - Mesquita, na verdade, houve aumento de 235% no
número de convênios com órgãos públicos.
Em contrapartida, a proporção de contratos e convênios
celebrados com empresas privadas caiu de 42% em 2002 para 11%
em 2005.
· A UFBA conta com cinco fundações
de apoio credenciadas pelo Conselho Universitário. Essas
entidades têm a estrita competência de gerenciar projetos
de pesquisa e extensão coordenados por pesquisadores e
professores. A maior delas é a FAPEX, totalmente sob controle
da UFBA, cujos conselhos indicam os membros do Conselho Deliberativo,
sob a Presidência do Reitor.
· A contribuição de recursos
privados para o orçamento da UFBA é ínfima.
De quase 500 milhões do orçamento 2005, menos
de 1% foi captado do setor privado.
· Essas informações e os
documentos comprobatórios encontram-se na PROPLAD, à
disposição do público, e fazem parte dos
Relatórios de Gestão aprovados pelo Conselho Universitário
e Conselho Curador da UFBA e submetidos anualmente ao Tribunal
de Contas da União.
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ARGUMENTOS |
Somos contra a privatização
do ensino superior por entender que a educação constitui
um direito e não uma mercadoria. Mas isso não
significa concordar com a perda de autonomia da universidade pela
estatização, com exclusiva dependência dos
recursos orçamentários do MEC. Nem implica isolar
a universidade do mundo real, restringindo contatos com setores
não-governamentais ou empresariais. Em campos profissionais
onde praticamente não há setor público, como
as áreas tecnológicas e industriais, não
se justifica abandonar oportunidades de formação
universitária, dando espaço ao crescimento do ensino
privado. Ademais, a concepção da polaridade público-privado
é inegavelmente pobre e simplista; o mundo social é
muito mais complexo que isso. Há enorme variedade e riqueza
de modalidades de organizações do chamado Terceiro
Setor, que a cada dia aumentam em número e relevância,
muitas delas atuando com eficiência e probidade em áreas
de expresso interesse público. Senso estrito, ‘privatização’
significa transferir um bem público para o controle e propriedade
de uma entidade de direito privado. Nesse sentido, a universidade
não tem a menor possibilidade de ser privatizada na medida
em que produz atividades que estão longe de ser lucrativas,
nisso distinguindo-se de escolas de terceiro grau que não
têm pesquisa e extensão. Por outro lado, muitos chamam
de privatização a captação de recursos
privados para atividades de ensino, pesquisa ou extensão.
Este é um uso completamente equivocado do conceito. Se
uma entidade de direito privado resolve financiar, sem contrapartida,
atividades da instituição pública, nesse
caso houve o contrário da privatização. Aliás,
se alguma instituição pública prestar gratuitamente
serviços de ensino, pesquisa ou extensão para qualquer
empresa ou organização lucrativa, a gratuidade sim
será privatizante. Isso ocorre simplesmente porque ao não
cobrar por sua atividade, a universidade estará colaborando
para a redução dos custos operacionais do setor
privado utilizando recursos públicos (inteligência
e tempo do pesquisador, equipamentos, laboratórios, marca
da instituição etc.). Em todo caso, a questão
principal é transparência e controle institucional
da relação com o setor privado, que em nenhuma hipótese
deverá ser priorizada em detrimento das funções
essenciais do ensino superior público. |
Sobre o Programa de Ações Afirmativas
e a Assistência Estudantil
MENTIRA |
A proposta do Reitorado Naomar - Mesquita
teria se limitado ao sistema de cotas, sem preocupar-se com a
assistência estudantil necessária à permanência
dos cotistas. Nenhuma bolsa de permanência teria sido disponibilizada
para os alunos socialmente carentes que entraram na UFBA pelo
Programa de Ações Afirmativas. No lugar do Restaurante
Universitário, a Reitoria estaria implantando uma praça
de alimentação fast food no Centro de Convivência
em Ondina. |
FATOS |
· Em 1998, o CEAFRO apresentou à
Reitoria da época proposta de implantar um sistema de cotas
raciais e sociais na graduação, específica
por cursos, já chamando a atenção para a
necessidade de programas de permanência.
· Em 2001, o Conselho de Ensino, Pesquisa
e Extensão constituiu um Grupo de Trabalho, mas a iniciativa
não teve continuidade e o tema saiu da pauta do Conselho.
· Em 2 de agosto de 2002, iniciou-se o
Reitorado Naomar - Mesquita.
· Em 21 de outubro de 2002, a Reitoria
levou ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão proposta
do Comitê Pró-Cotas apresentada através do
CEAO. Aprovou-se a constituição de um Grupo de Trabalho
sobre Políticas de Inclusão Social, composto por
docentes, servidores e estudantes, sob a coordenação
da Pró-Reitoria de Graduação.
· Entre fevereiro e abril de 2003, a equipe
técnica da PROGRAD e do Serviço de Seleção
realizou estudos e avaliações que permitiram a elaboração
de uma proposta preliminar, atualizando o projeto CEAFRO - CEAO
- UFBA de 1998.
· Em 17 de maio de 2003, na Câmara
Municipal, o Reitor fez a primeira apresentação
pública das diretrizes do Programa, já ressaltando
os quatro eixos da proposta: preparação, ingresso,
permanência e pós-permanência.
· Em agosto de 2003, o prédio da
Reitoria foi ocupado por estudantes ligados ao Movimento Negro,
defendendo ampliação da representação
estudantil no GT e sua abertura para movimentos sociais pró-ações
afirmativas. Esta ocupação durou apenas uma noite
já que a Reitoria negociou a pauta de reivindicações.
· Após sua reestruturação,
além de reuniões regulares de trabalho, o GT promoveu
quatro debates sobre o tema, no período de 16 de outubro
a 06 de novembro de 2003, em diferentes locais da UFBA.
· A proposta elaborada pelo Grupo de Trabalho
foi concluída e encaminhada, sob a denominação
de Programa de Ações Afirmativas na Universidade
Federal da Bahia, tendo sido aprovada pelo Conselho de Ensino,
Pesquisa e Extensão em 13 de abril e no Conselho Universitário
em 17 de maio de 2004.
· Além da reserva de vagas para
alunos de escolas públicas, negros e índios, o Programa
prevê o desenvolvimento de projetos voltados para melhoria
do Ensino Fundamental e Médio e o apoio a atividades preparatórias
da clientela de escolas públicas e de afro-descendentes
para o processo seletivo. Propõe também várias
medidas de apoio à permanência dos estudantes, bem
como atividades de qualificação e orientação
de concluintes e egressos.
· O antigo Restaurante Universitário
foi fechado em 1989, 13 anos antes do atual Reitorado. Já
estava obsoleto e sucateado quando, em 1996, o Conselho Universitário
aprovou, por unanimidade e com os votos da representação
estudantil, proposta de adaptação do prédio
do antigo RU para instalar a FACOM no campus de Ondina.
· Criar uma praça de alimentação
fast food no antigo Centro de Convivência foi proposta do
Reitorado anterior. A atual Reitoria levou ao Conselho Universitário,
ainda em fevereiro de 2004, proposta de adaptação
do prédio do Centro de Convivência para transformá-lo
em Restaurante Universitário, que foi unanimemente aprovada.
· Em maio de 2004, após a aprovação
do Programa de Ações Afirmativas pelo CONSUNI, a
Reitoria levou ao Conselho Social de Vida Universitária
(CSVU) proposta que, entre outras medidas, inclui a criação
de uma Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Ações
Afirmativas e de um Fundo de Apoio Social aos Estudantes, construção
de Residências e Restaurantes Universitários, programa
de bolsas de permanência e transformação da
Creche em Pré-Escola.
· Em dezembro de 2005, aplicando os princípios
do orçamento participativo aos recursos da emenda parlamentar
de bancada para a UFBA, o Conselho Universitário aprovou
proposta da PROPLAD que priorizava a compra de equipamentos para
o Restaurante Universitário. A aquisição
foi realizada sob supervisão da Escola de Nutrição,
aguardando-se apenas a conclusão das obras de adaptação
da estrutura física do prédio, já licitada.
· Durante o ano de 2005, foram captadas
140 bolsas de permanência, de fontes diversas: Ministério
da Educação, Ministério da Saúde,
Fundação Mariani, Secretaria Municipal da Reparação.
Para 2006, novas bolsas estão sendo negociadas com os mesmos
e com outros parceiros (SEBRAE, Bahiagás, Conseil). Além
disso, o Reitorado fez aprovar na ANDIFES moção
ao MEC requerendo bolsas equivalentes àquelas concedidas
aos alunos do PROUNI.
· Iniciado no Vestibular de 2005, o Programa
recebeu 1.800 alunos, dos quais 780 necessitaram da reserva de
vagas. Em 2006, 1.200 alunos entraram pelo sistema de cotas. Desses,
132 foram considerados elegíveis ao programa de bolsa-moradia.
Apenas 31 vagas foram abertas nas residências universitárias
da UFBA em Salvador.
· Quando os alunos do Programa de Ações
Afirmativas ocuparam o imóvel da Farmácia-Escola,
em março deste ano, o Reitorado visitou as instalações,
participou de reuniões com os residentes e implementou
as condições necessárias para sua instalação
provisória no imóvel ocupado. Convocou imediatamente
o CSVU, tendo como pauta única prosseguir as discussões
sobre o Programa de Apoio Social aos Estudantes da UFBA de maio
de 2004. Nessa reunião, foi instalada uma comissão
formada por servidores, estudantes e membros da administração
para atualizar o projeto de 2004.
· O Conselho Universitário, em
reunião extraordinária convocada pelo Reitor em
exercício, aprovou por unanimidade a abertura de novas
vagas de residência em imóveis a serem alugados pela
UFBA, com recursos das unidades de ensino. No entanto, permanece
sem solução a questão das fontes de financiamento
da assistência estudantil, cerne do projeto em discussão
no CSVU.
· As informações prestadas
acima e os respectivos documentos comprobatórios podem
ser encontrados nos Processos 23066015530/04-81 e 23066008006/04-56
e nas atas do CSVU, do CONSEPE e do Conselho Universitário,
à disposição do público na Secretaria
dos Órgãos Colegiados da UFBA.
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ARGUMENTOS |
O Programa de Ações Afirmativas
é uma conquista histórica da Universidade Federal
da Bahia. Resulta de um grande pacto institucional firmado entre
os mais importantes segmentos que compõem a instituição,
resgatando parte da dívida política de uma instituição
que, por quase 60 anos, tem se mostrado elitista e socialmente
excludente. Não há porque se definir paternidades
pessoais ou coletivas. O modelo enfim adotado foi conseqüência
de um complexo e rico processo de negociação, em
que diferentes atores colaboraram para aperfeiçoar as propostas
iniciais, contando com a participação ampla de movimentos
sociais. A administração central da UFBA contribuiu
para a construção do necessário consenso
institucional, realizando os encaminhamentos devidos às
instâncias adequadas nos momentos corretos, com a cuidadosa
urgência requerida pela justeza da iniciativa. Outro aspecto
importante diz respeito à decisão de implementar
o Programa sem se contar com as condições ideais
para a absorção do novo perfil de alunado. A Reitoria
conscientemente fez avançar o processo sem esconder as
limitações administrativas e financeiras da instituição,
com base na constatação de que qualquer adiamento
seria uma forma de sabotagem da proposta, desperdiçando-se
uma conjuntura local e nacional altamente favorável. Ademais,
muitos avanços sociais e políticos em um contexto
de reacionarismo disfarçado precisam de ousadia para sua
implementação. É melhor resolver os problemas
criados pela tomada de iniciativa do que não ter ousado
transformar uma instituição elitista e cristalizada.
No passado, em muito se atrasou a abolição da escravatura
com o argumento de que não haveria terra, emprego nem educação
suficiente para a massa de ex-escravos libertados. Por isso, o
Brasil carrega a vergonha de ter sido o último país
escravocrata do mundo. |
Sobre o convênio UFBA / Fundação
Baiana de Cardiologia
MENTIRA |
O Reitorado teria feito um contrato com a
Fundação Baiana de Cardiologia para privatizar a
assistência cardiológica do HUPES. Irregularidades
cometidas pela FBC não teriam sido apuradas pela Reitoria,
que teria permitido o furto de equipamentos do HUPES, sem punir
culpados nem cobrar a dívida da FBC. |
FATOS |
· O convênio UFBA-FBC foi assinado em 1990. O Reitorado
Naomar - Mesquita iniciou-se 12 anos depois, em 2002.
· Em outubro de 2002, a Reitoria incluiu
na pauta do CONSUNI o processo contra a FBC.
· Em 2003, após uma seqüência
de reuniões extraordinárias no CONSUNI, numerosos
conselheiros e a Reitoria defenderam rever o convênio UFBA-FBC,
para corrigir as irregularidades sem interromper a assistência,
como determinara o Ministério Público Federal.
· Por não ter competência
para celebrar acordos e contratos, o CONSUNI aprovou, por maioria,
recomendar a interrupção do convênio UFBA-FBC.
O Reitor atendeu à recomendação e rescindiu
o convênio, dando prazo para saída da FBC. O prazo
foi cumprido, sem prorrogações.
· A Reitoria abriu Inquérito Administrativo
no âmbito da UFBA e encaminhou os processos pertinentes
ao Ministério Público Federal e à Controladoria
Geral da União (CGU). Seguindo os preceitos legais, afastou
a diretoria do HUPES e puniu todos os responsáveis por
irregularidades encontradas nos processos.
· A FBC demonstrou propriedade legal (nota
fiscal, fatura, guia de importação etc.) dos equipamentos
retirados do HUPES. Uma auditoria da HLB Audilink encontrou um
débito da UFBA de R$ 37.453.023,15, a favor da FBC.
· Foi a Coordenadoria de Controle Interno
(vinculada ao Conselho de Curadores da UFBA) quem concluiu que
a FBC deve R$ 47.971.744,66 à UFBA. Estimativas anteriores
sobre esse débito variavam de 27 a 30 milhões.
· Por determinação da CGU,
a Reitoria instalou uma Comissão de Tomada de Contas Especial
para finalizar o contencioso financeiro. Esta Comissão
encontra-se atuando dentro do prazo.
· Essas informações e os
documentos comprobatórios fazem parte do Processo 23066.002690/
05-04/PROPLAD-UFBA e das atas do Conselho Universitário,
à disposição do público, ressalvados
os segredos de justiça.
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ARGUMENTOS |
A FBC atravessou dois reitorados (1995-2000)
atuando na UFBA sem cobertura contratual. O Reitorado Naomar -Mesquita
enfrentou esta ‘herança’ de gestões
anteriores, regularizando a situação administrativa
não só do HUPES, mas de outros órgãos,
como a Maternidade Climério de Oliveira e o MAE. O Ministério
Público Federal determinou à UFBA manter a assistência
cardiológica de alta-complexidade da FBC - HUPES por se
tratar do único serviço disponível a pacientes
do SUS estadual. Todo o processo foi supervisionado pelo MPF e
pela CGU. Cabe ao gestor público atuar dentro da lei, respeitando
os direitos das pessoas físicas e jurídicas envolvidas,
mas sempre protegendo os interesses da sua instituição.
Caso demonstrado o débito, a UFBA respeitará todas
as prerrogativas legais na negociação com a FBC
e encaminhará a cobrança à Dívida
Ativa da União. Os atos atribuídos ao Reitorado
Naomar - Mesquita têm sido divulgados como boatos ou textos
anônimos na internet, mas não passam de calúnias
covardes. Em três anos e mais de 3.000 páginas de
processo, nenhum dos seus veiculadores ousou formulá-las
como denúncia judicial porque carecem completamente de
fundamento. |
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